Na representação da rede a cor verde está associada a narrativas progressistas, a cor azul à conservadoras. Sabemos que as redes se organizam em torno de grupos identitários. Na primeira podemos ler uma densidade de arestas que se entrecruzam, para revelar a coesão dos sentidos emitidos. Enquanto os atores conservadores aparecem fragmentados, o que permite dizer que as narrativas não se coesionem e não unificam o campo conservador.
Na cor verde aparece a rede da narrativa produzida e emitida pelos agentes progressistas, onde podemos observar uma estrutura que se conforma em torno a uma noção comum: o repudio ao atentado perpetuado pelo ex-deputado Roberto Jefferson. Graficamente, isso se expressa pela coesão dos agentes influentes em torno a uma mancha verde, que representa os atores sobre os quais a narrativa repercute, um espaço virtual que poderíamos denominar como “espaço de influência”.
Na cor azul representamos os agentes da narrativa conservadora-bolsonarista. Nesse grupo a existência de uma narrativa diversificada, fragmentada, que se dá porque alguns dos seus agentes apoiam o ex-deputado e outros manifestam repudio, associando-o incluso ao PT e dissociando-o de Bolsonaro, não chega a formar um espaço de influência definido, como no caso da narrativa progressista.
Como conclusão, podemos apontar que, para este e outros casos estudados, as narrativas mais poderosas na sua influência no espaço virtual correspondem a aquelas que geram coesão em torno a uma mesma ideia, conseguindo unificar todo o espectro de um campo, seja este progressista ou conservador. No geral, nas redes que temos produzido, essas narrativas correspondem ao campo dos conservadores, que apresentam maior coesão, possivelmente por serem pautadas hierarquicamente. No caso do atentado do ex-deputado Jefferson à PF, o campo conservador não conseguiu se unificar, enfraquecendo sua posição no espaço virtual: o episódio gerou uma rixa entre os próprios conservadores-bolsonaristas, onde encontramos quem apoia e quem diz repudiar o atentado. Essa divisão gera uma narrativa dividida, ou dois narrativas contrarias, debilitando sua influência.
Para o grupo progressista, a questão do atentado de Jefferson estaria funcionando com “cortina de fumaça” para desviar a atenção do projeto econômico do ministro Guedes, que contempla a diminuição do salário-mínimo e as aposentadorias. Aparecem também narrativas que reforçam o vínculo de Jefferson com o clã Bolsonaro. Nesse grupo também se destacam às apreciações respeito ao tratamento privilegiado e cordial que a Polícia Federal (PF) ofereceu ao ex-senador depois do atentado, destacando as diferenças, por exemplo, com o caso do assassinato de Genivaldo Santos pela PF de Sergipe (maio 2022).
A narrativa bolsonarista aparece dividida: por um lado, alguns agentes apontam a uma suposta vinculação entre Jefferson e o Partido dos Trabalhadores (PT), difundindo uma foto do ex-senador com Lula e José Dirceu e apresentado todos como a “turma do mensalão”. Por outro lado, para alguns agentes bolsonaristas Jefferson é considerado um perseguido pelo judiciário.